Interior Piauí – um Brasil que não conhecia

Começo dizendo que nosso país é lindo, o céu, a vegetação, relevo, o povo. Cada cantinho com suas peculiaridades.

Não imaginamos como nosso conforto diário impacta nossa maneira de viver. Banho quente, cama gostosa e arrumada com travesseiros no plural, ar condicionado, carro, fartura e diversidade em todas as refeições, restaurantes, água gelada, opções e mais opções. Nosso dia a dia é repleto do melhor e se julgamos que algo não está bom, mesmo que esteja, trocamos, mudamos, substituímos.

Sem perceber, essa fartura desigual ajudou a erguer muros, não receber estranhos dentro de casa e nem fora, atendemos e despachamos pelo interfone, não dividir o pão por medo de abrir o portão, blindar nossos carros. Vivemos como prisioneiros dos nossos próprios benefícios. Óbvio que não serei hipócrita de propor que todos vivam como miseráveis, mas com certeza nos faz enxergar o abismo que há quando nos deparamos com comunidades muito aquém dessa realidade.

O céu é lindo, o fim de tarde de cores incríveis. As casas simples parecem sair de um quadro. Tanta simplicidade, comida de tempero forte preparada com animais mortos pouco antes. Animais andando pelas ruas, carne pendurada na árvore. Trabalho? Pouco. Tempo ocioso? Muito. Tanto contraste que constrange.

Vivi uma semana que aprendi sobre acolhimento e hospitalidade. Pessoas que não nos conhecia, mas que nos recebeu sempre com um sorriso, um café, bolacha ou o que tivesse para oferecer. Pessoas extremamente simples, sem luxo algum nos ouviam, falavam pouco, orávamos.

Aprendi que dentro do meu próprio país existe um conceito diferente sobre as estações do ano, lá existe apenas verão e inverno no qual são diferenciados pelas chuvas, não tem a ver com frio ou calor. Aqui um parênteses pra dizer que até campanhas publicitárias excluem quem vive nessas regiões.

Vi o que significa ignorância no sentido real da palavra, onde em muitos casos pedia a ajuda de Deus para uma comunicação efetiva, aliás acho que essa foi minha oração mais frequente. Me senti incapaz e frustrada em muitos momentos.

Vi mulheres que falavam baixo e que com frequência ficavam com a cabeça baixa. Mulheres sem voz em todos os sentidos, num lugar em que o machismo é marcante.

Um povo que vive de benefícios que a princípio parece algo bom e necessário, mas que traz problemas como acomodação, alcoolismo. Trabalho é escasso, mas a terra não é, talvez lhes sobre peixe e falte vara. Homens deitados na rede no meio do dia ou em bares, estes sempre lotados.

E nessa mistura de maravilha e caos vi Jesus curando e salvando. Vi mulheres sedentas de conhecer esse Jesus que poderia mudar a realidade. Vi crianças e adolescentes com sonhos além dali. Homens bêbados num dia e no outro escutando o que tínhamos a dizer.

Orei muitas vezes pra Jesus encontrar a necessidade deles, não a que eu julgo necessidade. Orei e oro para que a atmosfera espiritual mude, que seu Reino invada e traga transformação de mente para que eles sejam prósperos e saudáveis de corpo, alma e espírito.

Comecei com uma breve descrição de dois mundos pra dizer que em Jesus somos todos iguais, não há pobre ou rico, letrado ou iletrado, com fartura ou restrição, se Jesus não for nosso maior tesouro viveremos escravos dentro da nossa bolha ou da miséria.

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